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ACESSO AOS MEDICAMENTOS

01/12/2003 - O POVO - CE

Campanha alertará para tratamento de infectados

O lançamento de uma campanha com o objetivo de garantir melhor acesso a medicamentos marcará o Dia Mundial na Luta contra a Aids, que acontece hoje. Um relatório do Fórum Econômico Mundial aponta despreparo do setor privado internacional para combater a doença

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Unaids, agência da ONU encarregada de coordenar os esforços globais para combater a doença, lançam hoje, no Dia Mundial na Luta contra a Aids, uma campanha para que, no fim de 2005, 3 milhões de infectados pelo HIV possam ter acesso aos medicamentos. A OMS estima que dos 40 milhões de infectados no mundo, mais de 5 milhões precisam de terapia anti-retroviral, mas menos de 400 mil têm acesso a ela.

O plano é simplificar o emprego dessa terapia, assegurar uma fonte confiável para a aplicação dos remédios e criar um sistema de difusão da informação mais recente sobre o HIV. Tanto a OMS quanto a Unaids também providenciarão ajuda financeira para os países subdesenvolvidos. Para pôr a campanha em andamento, serão necessários US$ 5 milhões.

"Prevenir e tratar da Aids pode ser a maior tarefa da saúde que o mundo já enfrentou, mas também é a mais urgente", disse ontem, em nota, o diretor-geral da OMS, Lee Jong-Wook. "A vida de milhões de pessoas está em jogo. São necessários esforços enormes para garantir que vivam".

Os integrantes remanescentes do grupo de rock britânico Queen anunciaram ontem que porão suas músicas à venda pela Internet com arrecadação destinada à luta contra a Aids, que causou a morte do cantor da banda, Freddy Mercury, em 1991. O grupo vai deixar seus maiores sucessos à disposição dos fãs, que poderão acessar as canções por meio de portais de venda. A renda obtida na primeira semana vai para a Mercury Phoenix Truste. A EMI, gravadora do Queen, comprometeu-se a fazer doação igual à arrecadada.

O setor privado internacional não está preparado para combater a Aids. Essa é a conclusão de um relatório preparado pelo Fórum Econômico Mundial. Os resultados apontam que menos de 6% das grandes empresas multinacionais adotaram políticas e planos por escrito para evitar a proliferação da doença entre seus funcionários. No Brasil, as experiências de duas empresas - a Varig e a Nestlé - também foram avaliadas pelo fórum.

O estudo, feito com 8 mil empresas com sede em 103 países, mostra que apenas um terço das companhias entrevistadas desenvolve alguma iniciativa relacionada com o combate à Aids.

Apesar disso, a pesquisa descobriu que 47% das empresas acreditam que o vírus do HIV provoca impacto negativo sobre seus negócios. Essa porcentagem é muito menor entre os países menos afetados pela Aids. Já na África, continente mais atingido pela doença, 89% das empresas entrevistadas afirmaram que as conseqüências negativas do vírus são "severas" para o funcionamento da economia e para a produtividade dos funcionários.

Uma constatação assustadora, segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, é que 36% das empresas não sabiam quantos de seus funcionários eram portadores do HIV. (das agências)