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NOVO INIBIDOR DA PROTEASE

01/12/2003 - O GLOBO

Ministério vai distribuir novo remédio de Aids

No dia 2 de janeiro, o Programa Nacional de DST/Aids deverá começar a distribuir o inibidor de protease Atazanavir, novo medicamento anti-retroviral, que foi adquirido pelo Governo federal com preço 76,4% menor do que é cobrado no mercado. A eficácia do medicamento foi discutida em seminário que reuniu 120 infectologistas na Ilha de Comandatuba, no sul da Bahia. O tema foi abordado por especialistas no uso dos coquetéis de combate à Aids. A mais nova aquisição do Ministério da Saúde apresenta uma vantagem em relação aos inibidores de protease hoje no mercado: ele é usado em uma dose única ao dia (duas pílulas).

Entre os efeitos adversos, de acordo com estudos feitos pelos especialistas, está a icterícia (excesso de bilirrubina no sangue, o que provoca coloração amarela na pele), em 5% dos casos. Em percentuais ainda menores (em cerca de 2% dos casos) é diagnosticado aumento do colesterol total. Em conjugação com outro inibidor de protease, o Efavirenze, o aumento do colesterol total é de 21%.

O infectologista Roberto Badaró, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas da Universidade Federal da Bahia, lembra que um dos maiores temores é o desenvolvimento de resistência entre os pacientes.

— Nos últimos três anos, apareceu o problema da toxicidade. Uma grande quantidade de pacientes não agüenta levar o tratamento até o fim — disse Roberto Badaró, que lembrou que os fabricantes reconhecem em 50% o percentual de falhas dos remédios entre os pacientes.

No seminário, os especialistas foram unânimes em considerar o novo remédio como droga altamente eficiente para pacientes com exposição inicial ao vírus. Nos pacientes que já se submeteram a tratamentos com outros medicamentos, a eficiência do inibidor de protease cai.

Na avaliação do cardiologista Raul Dias dos Santos, médico assistente da unidade clínica de dislipidemia do Instituto do Coração (Incor), cerca de 70% dos pacientes que consomem os coquetéis anti-HIV desenvolvem alterações da concentração de lipídeos no sangue. O excesso de lipídeos está relacionado à aterosclerose e à pancreatite. O cálculo da Organização Mundial de Saúde é de que haja hoje no mundo 33 milhões de pessoas com o vírus HIV.