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BEBÃS VACINADOS
22/08/2006 - Ciência Hoje On-line
Novo tratamento poderá impedir transmissão vertical
Novo tratamento poderá impedir transmissão vertical do HIV mesmo após o nascimento
Uma nova forma de impedir a transmissão do vÃrus HIV para bebês cujas mães não receberam o tratamento desde o inÃcio da gravidez está sendo testada em um estudo internacional com participação de oito instituições brasileiras. O tratamento consiste na administração de drogas anti-retrovirais logo após o nascimento da criança, já no primeiro dia de vida, e se estende por no máximo seis semanas. Com o novo método, os pesquisadores esperam diminuir a taxa de transmissão do vÃrus, que é de 20% a 30% quando nenhuma medida profilática é tomada.
O novo método consiste em administrar drogas anti-retrovirais ao bebê a partir do 1o dia de vida.
O bebê recebe os medicamentos depois de ter sido exposto ao contágio pelo vÃrus (profilaxia pós-exposição). São oferecidos três tipos de combinações de medicamentos, aplicadas em perÃodos de duas a seis semanas de duração.
âOs medicamentos administrados nos bebês não são novos, pois já são utilizados por soropositivos. A novidade está em oferecer o mesmo remédio aos bebês, na tentativa de evitar que o vÃrus se desenvolvaâ, explica a infectologista Valdiléa Veloso, coordenadora nacional do estudo e diretora do Instituto de Pesquisa ClÃnica Evandro Chagas, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo o Ministério da Saúde, das mais de 17 mil grávidas infectadas pelo HIV no Brasil por ano, apenas 38,5% são identificadas a tempo de receber a terapia anti-retroviral. âA transmissão pode acontecer em qualquer estágio da gravidez, mas é comum que ocorra a partir do terceiro trimestreâ, diz Veloso. Por isso, a tendência é recomendar que as mulheres façam o teste de HIV no primeiro e no terceiro trimestre de gravidez, para evitar que uma eventual contaminação tardia seja detectada após o nascimento do bebê.
Segundo o médico Jorge Pinto, coordenador do estudo no centro da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o ideal é o tratamento das gestantes soropositivas antes do nascimento do bebê. Essa terapia é capaz de diminuir a taxa de transmissão do vÃrus para menos de 3% se aplicada desde a 14ª semana de gravidez. âO problema é que uma parcela das grávidas não recebe esse tratamento, seja porque está fora do sistema de saúde ou porque se descobriu infectada tardiamenteâ, afirma Pinto. âà essa lacuna que nossa pesquisa pretende preencher. O objetivo é tornar a taxa de transmissão a menor possÃvel.â
Os recém-nascidos que participam do estudo recebem acompanhamento dos médicos durante seis meses para que o desenvolvimento do vÃrus seja avaliado. âFazemos testes regulares até o fim do tratamento. A estratégia é bloquear os vÃrus livres no organismo do bebê e impedir que se instalem nas célulasâ.
Participação brasileira
O estudo começou em 2004 e envolve atualmente doze centros clÃnicos no mundo, dos quais oito no Brasil (os outros ficam na Ãfrica do Sul e Argentina). Até agora, 659 bebês já receberam o tratamento (542 nos centros brasileiros), e a meta é ampliar o número para 1700.
Os dados recolhidos pelos centros clÃnicos do paÃs são analisados na Fiocruz, em parceria com o centro norte-americano que financia a pesquisa. A Fiocruz é responsável também pela distribuição dos medicamentos e dos testes rápidos de HIV no Brasil.
Nos testes realizados até aqui, os pesquisadores já chegaram a conclusões acerca da dosagem e da forma de administração dos medicamentos. No entanto, Valdiléa Veloso ressalta que ainda não é possÃvel determinar o grau de eficácia da nova terapia. âSomente após analisar a amostragem completa poderemos ter resultados conclusivos quanto à eficiência do tratamento e aos eventuais efeitos colaterais que ele pode causarâ.