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XVI Conferência Mundial de AIDS - 3

16/08/2006 - www.kaisernetwork.org/aid

Vacina para AIDS: ainda um longo caminho.

Reuters informa que pesquisadores manifestaram na terça dia 15 numa coletiva de imprensa que estão otimistas sobre uma vacina potencial para HIV/AIDS, apesar de que nenhuma das vacinas em desenvolvimento parece proteger completamente as pessoas da transmissão do HIV. É difícil desenvolver uma vacina eficaz contra o HIV/AIDS porque o vírus infecta as células do sistema imunitário que usualmente seriam estimuladas por uma vacina, segundo Reuters (Fox, Reuters, 8/15). Além disso, Wayne Koff, chefe de pesquisa em vacinas da IAVI disse que nenhuma candidata a vacina até o momento pode atingir todas as formas de HIV (Bloomberg News, 8/15). Seth Berkley – Presidente da IAVI, que na Terça feira lançou seu informe bienal sobre vacinas para HIV/AIDS – disse que Merck e Sanofi-Aventis têm candidatas a vacina em estágio avançado de pesquisa em seres humanos. Berkeley disse: "O próximo marco no campo é provavelmente o resultado da Merck, que é um teste de imunidade celular " (Reuters, 8/15). A vacina da Merck, que de todas as vacinas em desenvolvimento é a mais avançada em estágio de ensaios clínicos, funciona melhorando a habilidade das células CD4 de "buscar e destruir células humanas infectadas [pelo HIV]" para "prevenir o HIV ... de causar doença," Bloomberg News informa. A companhia espera ter resultados sobre a vacina em 2008 ou 2009 e planeja realizar um ensaio clínico com aproximadamente 3.000 pessoas em Austrália, o Caribe e América do Norte e do Sul (Bloomberg News, 8/15). Berkley disse que se a vacina da Merck reduzisse o número de novos casos esperados mesmo que levemente, os pesquisadores poderão avaliar os participantes do ensaio e usar seus achados para guiar a pesquisa futura. Se a vacina não for eficaz de modo algum, os pesquisadores deverão procurar abordagens diferentes (Reuters, 8/15). "O ensaio de prova de conceito é muito importante se funcionar porque será a primeira vez que teremos realizado algo que funciona," disse Robin Isaacs, diretor executivo da pesquisa em doenças infecciosas na Merck, e acrescentou, "Abrirá as portas de uma corrente para tentar melhorar os resultados." GlaxoSmithKline também trabalha com uma vacina que está em estágios iniciais de teste(Bloomberg News, 8/15).
Comentários
Berkley disse, "uma vacina para a AIDS é a única ferramenta que pode terminar com a epidemia. Toda a evidência sugere que uma vacina é possível. Hã progresso em curso: lento mas constante" (Reuters, 8/15). Cate Hankins, da UNAIDS disse que , "Uma vacina será crítica no longo prazo para conter a epidemia. A menos que aconteça alguma surpresa que não podemos imaginar, provavelmente passarão mais de 10 anos antes de que uma vacina esteja disponível" (Bloomberg News, 8/15). Stephen Lewis Enviado Especial da ONU para HIV/AIDS na Africa disse, "Mesmo uma vacina modestamente eficaz poderia cortar pela terceira parte as infecções novas numa década, salvando dezenas de milhões de vidas" (Berman, VOA News, 8/16). Gerald Voss, chefe do Programa de Vacinas para AIDS de GSK disse, "Há otimismo, mas ao mesmo tempo as pessoas tem trabalhado por 20 anos nisto e não estamos perto de uma vacina" (Bloomberg News, 8/15). Segundo o informe da IAVI os investimentos para a pesquisa de uma vacina de AIDS nos últimos cinco anos duplicaram para 759 milhões de dólares em 2005 (VOA News, 8/16).
Pesquisadores afirmam que uma Vacina Terapêutica Experimental para o HIV mostra-se Promissora
Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh disseram que uma Vacina Terapêutica Experimental para o HIV que visa estimular o sistema imunitário das PVHIV/AIDS mostra-se promissora (Fox News). Charles Rinaldo e colegas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Pittsburgh tiraram sangue de PVHIV e alteraram suas células dendríticas – que são as células que estimulam o sistema imunitário " no corpo – para auxiliar as células CD4 a combater o vírus (Fox News). Um ensaio da vacina está programado para o ano próximo, dependendo da aprovação da FDA . "Embora não exista prova de que a vacina suspende a progressão do progression, é uma abordagem natural que oferece grande esperança," expressou Stefano Vella, pesquisador de Roma. Acrescentou que porque a vacina deve ser feita para cada pessoa pode ser muito cara para muitas pessoas (Laino, Fox News, 8/15).




A partir de The BODY

O tratamento precoce da Infecção Primária pelo HIV retarda a Indicação de Tratamento?
Brian Conway, M.D., F.R.C.P.C.
14 de Agosto, 2006
O tratamento durante a infecção aguda ou precoce pelo HIV altera o nível estacionário da carga viral ou retarda o tempo para o início de tratamento? Até o momento não há dados cietíficos conclusivos. Porém duas coortes alemãs multicêntricas, (Prime-DAG e Ac-DAG) que têm recrutado pacientes com infecção recente pelo HIV (ocorrida nos últimos seis meses) deram novas perspectivas sobre este tema.1
Dos 200 pacientes identificados desde 2001, 144 receberam alguma forma de TARV , enquanto 56 não. Este estudo não foi randomizado, e aqueles que foram tratados tinham uma mediana da carga viral bem maior (mais de 500.000 versus 240.000 cópias/mL) e contagens menores de CD4 (453 versus 621 células/mm3). Dos pacientes tratados, 98 suspenderam o tratamento depois de uma mediana de nove (intervalo 1.2 a 28.7) meses, com uma contagem média de CD4 de 797 células/mm3, e 79/98 pacientes com carga viral inferior a 50 cópias/mL.
A análise apresentada na XVI Conferência comparou os 98 indivíduos que suspenderam o tratamento com os 56 que não receberam TARV em termos do tempo para uma contagem de CD4 inferior a 350 células/mm3 e/ ou carga viral de mais de 100.000 cópias/mL, representando um estágio da doença no qual deve ser considerado o início da TARV.
No período de observação, proporções similares dos dois grupos (37/98 [38%] versus 20/56 [36%]) chegaram ao desfecho pré-estabelecido. Porém, os que receberam TARV alcançaram este estágio muito mais tarde ( 14.3 versus 8.3 meses, P = .016) -- uma diferença que pode ser ainda mais significativa em pacientes que tem carga viral de base superior a 50.000 cópias/mL. Os autores concluem que "o tratamento precoce da infecção primária pelo HIV retarda o tempo até uma possível indicação de tratamento em pacientes que apresentam altas cargas virais durante a soroconversão."
Estes dados são bem impressionantes, e representam uma das maiores coortes de pacientes com infecção pelo HIV aguda/precoce que foram tão cuidadosamente avaliadas. Agora é bem claro que a manutenção da carga viral indetectável depois de uma TARV por um período depois da infecção aguada ou precoce será um fenômeno inusual. Se existir algum benefício para a terapia, sua manifestação será um nível estacionário mais favorável e/ou um retardo mensurável de necessidade de iniciar a TARV.
Estes dados observacionais foram, devido ao desenho do estudo, claramente enviesados contra mostrar este benefício. Os pacientes que receberam tratamento tiveram a doença mais avançada de início, enquanto o tempo para iniciar (ou re-iniciar) TARV não foi contado a partir do diagnóstico inicial. Se somarmos este período, o benefício potencial da terapia seria mais de três anos do que de seis meses. Finalmente, a coorte incluiu pacientes infectados bem depois do desenvolvimento de uma resposta completa de anticorpos contra o HIV, e isto pode representar um grupo que poderia se beneficiar menos da terapia. Sua inclusão no estudo diluiria o benefício potencial da intervenção que poderia ter sido medida. Por todas estas considerações no contexto de um estudo não-randomizado, a informação apresentada neste poster não pode ser tomada de forma conclusiva. Porém, o fato de apoiar a hipótese – de que pode existir um benefício no uso temporário de TARV – justifica a condução de ensaios clínicos controlados e randomizados que comparem o tratamento com a observação em pacientes com infecção "recente" pelo HIV. A definição de "recente," porém, deve ser rigorosa e desenhada para assegurar que a população recrutada possa-se beneficiar muito da intervenção proposta. O desfecho destes estudos não mais devem ser a manutenção da carga viral indetectável depois da suspensão do tratamento, mas devem ser baseados na obtenção de benefícios virológicos e imunológicos clinicamente significativos.
We are indeed fortunate that such studies are currently underway in North America2 and Australia,3 although they are unlikely to yield a definitive answer for a few years. In the meantime, it appears sensible to make HAART available to individuals with early HIV infection, if such individuals (in consultation with their health care providers) feel this is the most appropriate course of action to take.
Refs:
1. Koegl C, Wolf E, Jessen H, et al, and the Prime-DAG and Ac-DAG Study Group. Does early treatment of primary HIV-infection delay treatment indication? In: Programs and abstracts of the XVI International AIDS Conference; August 13-18, 2006; Toronto, Canada. Abstract MOPE0060.
CTN Trial 214.

Traduzido por Jorge A Beloqui
A partir de Kaiser Network www.kaisernetwork.org/aids2006