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XVI Conferência Internacional de Aids

16/08/2006 - www.notiese.org

Reinfecções, perigo para quem vive com HIV

Toronto, Canadá, agosto 14 de 2006 (Fernando Mino-enviado/ NotieSe*).- O comentário existe há tempos entre a comunidade científica: uma pessoa com o vírus da aids segue em risco de complicar sua saúde. Não há imunidade frente ao risco de exposição a outro tipo de HIV . Na conferência plenária desta manhã na XVI Conferência Internacional de Aids a doutora Júlia Overbaugh , do Centro de Pesquisas sobre Cáncer Fred Hutchinson, de Seattle, Estados Unidos, confirmou o dado com evidências científicas: as reinfecções podem gerar uma “súper infecção” resistente aos medicamentos anti HIV .

Overbaugh desenvolveu pesquisas na África, a região mais afetada pela epidemia, sobre genética e virologia. São conhecidas suas descobertas sobre as proteínas que bloqueiam o vírus em laboratório e em macacos, mas não conseguem igual resultado em humanos. A partir do acompanhamento de duas proteínas chamadas TRIM5α e APOBEC3G foi possível, segundo a médica estadounidense, “mostrar algumas vulnerabilidades do HIV-1” .

O HIV-1 é a infecção mais comum, mas também existe um HIV-2. Daí que exista o risco de uma super infecção quando ambos vírus misturam-se. A médica esclareceu que os casos de super infecção de HIV-1 e HIV-2 que ela registrou na África não têm nada a ver com o caso apresentado em Nova York faz dois anos no qual assegurava-se a existência de um “mega vírus” e que teve amplos efeitos mediáticos.

Pesquisa em terapia pré-exposição ao HIV

Em outro dos eventos desta conferência , pesquisadores estadounidenses e holandeses apresentaram os avanços de seu trabalho para mostrar as bondades terapêuticas de um medicamento como terapia pré-exposição ao HIV . O conceito implicaria abrir a porta para que os medicamentos antiretrovirais, indicados como tratamento da infecção, sejam utilizados também como métodos preventivos, sobre tudo em população com práticas de risco, como trabalhadores e trabalhadoras sexuais e usuários de drogas injetáveis.

A pesquisa está em curso em Botswana, Ghana, Perú, Tailândia e Estados Unidos, não sem controvérsias, segundo informam os pesquisadores. Em Cambodia e Camarões, pressões de ativistas obrigaram a terminar a pesquisa em curso, enquanto que as autoridades de Malawi manifestaram suas dúvidas sobre a viabilidade do método. A pesquisa, que envolve o medicamento tenofovir, até agora não teve resultados concretos que permitam prever se é viável considerar a terapia pré-exposição como método preventivo.

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Os microbicidas devem estar baseados numa combinação de medicamentos

* é o principio médico dos fármacos anti HIV
* Várias substâncias encontram-se em pesquisa na atualidade

Toronto, Canadá, agosto 14 de 2006 (Rocío Sánchez-enviada/Notiese*).- os microbicidas para combater o HIV devem obedecer o principio de combinação sob o qual desenham-se os anti-retrovirais, afirmou o doutor John P. Moore, professor de microbiologia e inmunologia da Universidade de Cornell , Nova York.

Durante sua participação no simpósio “Novos objetivos para o desenvolvimento de medicamentos”, no marco de a Conferência Internacional de Aids, o pesquisador afirmou que não há razões para pensar que um microbicida que pretende bloquear a entrada do HIV no organismo deva agir com um único antiviral, porque os medicamentos que combatem o vírus funcionam combinando vários fármacos.

Os microbicidas são uma opção altamente viável na luta contra a pandemia porque resolvem diversos fatores de vulnerabilidade. Principalmente, estão pensados para que as mulheres possam se proteger da infecção. Na África do Sul, citou Moore, uma de cada quatro mulheres haterá o HIV aos 22 anos de idade.

Dada a influência da violência de gênero e a violência sexual sobre grande parte das mulheres, não somente na África mas no mundo todo, não basta com o desenho de um microbicida de sucesso científico. Para que este seja realmente útil é necessário que seja seguro, efetivo, acessível e aceitável. Quanto à versatilidade de seu uso, o cientista esclareceu que é provável, mas não certo que um microbicida vaginal funcione igual no reto.

Atualmente, uma das substâncias em estudo é o inibidor de fusão chamado T-1249, similar ao T 20, hoje amplamente utilizado em terapia anti retroviral. Este fârmaco está sendo testado em macacos com o Vírus da Imunodeficiência dos Símios (SIV) de tipos 1 e 2. Alguns dos resultados que espera-se obter, se a transmissão não for evitada, é diminuir a possibilidade de transmitir um vírus resistente a alguma droga específica existente.

Um fator importante a considerar para determinar a efetividade do potencial microbicida é o tempo que dura sua protecção contra o HIV, porque sua fórmula em gel estaria desenhada para uso imediatamente antes da relação sexual. Em laboratório, observou-se que a eficácia do T-1249 diminui em 80 por cento depois de meia hora de administrado, até 33 por cento 12 horas depois da aplicação.

A grande diversidade de cepas do HIV-1, concluiu Moore, é um dos principais desafios para o desenvolvimento de um microbicida, tal como para o aperfeiçoamento de uma vacina.
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Traduzido por Jorge Adrián Beloqui