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PARA PREVENIR E REMEDIAR
12/06/2005 - Revista Veja
Novas vacinas
Novas vacinas apresentam perspectivas animadoras no combate a doenças de difÃcil controle e tratamento
As vacinas estão entre as frentes de pesquisa mais promissoras da medicina. A proteção proporcionada por elas mudou o curso das doenças. Graças à s imunizações, a varÃola foi erradicada mundialmente em 1980 e o Brasil não registra um só caso de poliomielite desde 1989. As vacinas servem tanto para o tratamento quanto para a prevenção de doenças. O princÃpio é o mesmo: fortalecer o sistema imunológico. Quando usadas de maneira preventiva, elas preparam as defesas do organismo para que reajam ao ataque de um agente infeccioso. Se utilizadas de forma terapêutica, as vacinas têm por objetivo estimular a imunidade orgânica e assim controlar ou debelar uma doença.
Nos últimos vinte anos, a tecnologia envolvida na confecção das vacinas foi aprimorada. Dessa forma, as imunizações ficaram mais eficazes e seguras. Além disso, graças aos avanços na biologia molecular, hoje já se experimentam vacinas para males contra os quais até pouco tempo atrás havia pouco ou nada a fazer, como é o caso do rotavÃrus e do HPV.
Herpes-zoster
Provocado pelo mesmo vÃrus da catapora (varicella-zoster), o herpes-zoster afeta cerca de 1% da população adulta. A doença se manifesta por feridas na pele e dores lancinantes, que podem se prolongar por mais de seis meses. Um estudo publicado neste mês na revista cientÃfica The New England Journal of Medicine analisou, por mais de três anos, cerca de 40 000 pessoas com 60 anos ou mais, divididas em dois grupos. Um deles recebeu doses de uma nova vacina, 100 vezes mais potente do que a usada contra a catapora. No grupo imunizado, a incidência da doença se mostrou 51% menor e os episódios de dor foram reduzidos em 66%. Fabricada pelo laboratório Merck & Co., a vacina contra o herpes-zoster deve chegar ao mercado em 2007.
RotavÃrus
Está previsto para este ano o lançamento no Brasil de uma vacina contra o rotavÃrus, agente causador de quadros graves de diarréia, o que pode levar à morte por desidratação. Desenvolvida pelo laboratório Glaxo, ela será administrada oralmente, em duas doses. Feita a partir de uma versão atenuada do vÃrus, a vacina preveniu até 90% dos casos graves de desidratação causada pelo agente da doença. A expectativa é que a vacina contribua para baixar em até 25% a mortalidade infantil por diarréia, a segunda causa de mortes de crianças no mundo. A única vacina disponÃvel contra o rotavÃrus foi retirada do mercado em 1999, por levar à obstrução intestinal. Outra vacina, do laboratório Merck & Co., deve chegar ao mercado em 2007.
Gripe
Ainda que não se tenha conseguido formular uma vacina capaz de dar conta de todas as variações do vÃrus da gripe, a medicina busca aprimorar as imunizações disponÃveis. Uma novidade é a vacina inalável. Como o vÃrus influenza ataca sobretudo as vias aéreas, os pesquisadores investem em vacinas inaláveis, que, além de ganhar a circulação sanguÃnea, protegem mais diretamente a mucosa do aparelho respiratório. Uma delas foi lançada nos Estados Unidos há dois anos e se mostrou eficaz em 93% dos casos. Seu uso é restrito a crianças a partir de 5 anos e adultos de até 49 anos. Os especialistas dizem que ainda faltam estudos sobre a segurança da vacina em crianças e idosos â as principais vÃtimas da gripe.
Ebola e Marburg
O Ebola e o Marburg estão entre os vÃrus mais violentos de que se tem conhecimento. Neste ano, um surto de Marburg em Angola, na Ãfrica, provocou cerca de 350 mortes. Ambos os vÃrus são transmitidos por secreções â como saliva, sangue e fezes â de pessoas contaminadas. Em poucas semanas, deflagram sintomas parecidos, culminando num processo hemorrágico generalizado, que mata cerca de 90% dos infectados. Neste mês, pesquisadores canadenses e americanos divulgaram os resultados positivos dos testes em macacos com duas vacinas â uma contra o Ebola, outra contra o Marburg. Elas são feitas a partir dos vÃrus das doenças inativados e modificados. O próximo passo é testar as vacinas em seres humanos, o que só deve ocorrer dentro de cinco anos.
HPV Uma pesquisa publicada recentemente apresentou dados promissores da primeira vacina contra o vÃrus papiloma humano, o HPV. A infecção pelo HPV é a doença viral sexualmente transmissÃvel mais comum e está relacionada a quase todos os casos de câncer de colo de útero â o segundo tipo de tumor maligno mais freqüente entre as brasileiras. A vacina utiliza uma proteÃna encontrada na superfÃcie do vÃrus que, em contato com o organismo, estimula a produção de anticorpos especÃficos contra o HPV. A imunização requer três doses e seu efeito dura, estima-se, até quatro anos. Essa vacina está prevista para chegar ao Brasil em meados do ano que vem.
HIV
A criação de uma vacina antiaids é um dos maiores desafios da medicina. Já foi testada mais de uma centena de produtos, com diversos mecanismos de ação, mas nenhum deles apresentou resultados satisfatórios. As tentativas continuam tanto para a prevenção quanto para o desenvolvimento de vacinas terapêuticas que estimulem o ataque dos anticorpos contra o HIV. Vários fatores prejudicam essa busca, como a incrÃvel capacidade de mutação do vÃrus HIV. Para escapar dos ataques do sistema imunológico, o vÃrus se aloja na principal célula de defesa do organismo, o que dificulta sua identificação e destruição.