Indetectável = Intransmissível?

Suíços defendem terapia antiviral precoce e contínua para deter a transmissão do HIV entre gays

Tratamento como Prevenção
Michael Carter (aidsmap)
Publicado em 13 de abril de 2010

Na edição online do jornal AIDS pesquisadores informam que a maior parte das novas infecções pelo HIV em homens gays da Suíça, originam-se em pessoas com infecção crônica do HIV.

Foram mapeados os agrupamentos de transmissão entre homens gays recentemente infectados pelo HIV em Zurich e na Coorte Suíça de HIV. Somente duas infecções pareceram ter origem em indivíduos com infecção pelo HIV muito recente. Em todos os outros casos, o paciente fonte da infecção era um indivíduo que estava infectado pelo HIV há pelo menos um ano.

“A infecciosidade durante a infecção crônica foi bem alta nesta população”, comentam os pesquisadores.

Nenhum dos indivíduos que transmitiu o HIV estava tomando terapia antiretroviral e apresentava carga viral indetectável.

Os pesquisadores acreditam que seus achados apoiam o uso “precoce” e “continuado” do tratamento para HIV pelos homens gays, e sugerem que isto poderia desacelerar profundamente a epidemia do HIV nesta população.

Há uma epidemia continuada de HIV entre os homens gays. Um conhecimento profundo da dinâmica da transmissão do HIV poderia ajudar no desenvolvimento de campanhas de prevenção com alvos específicos.

Portanto pesquisadores do Estudo de Infecção Primária de Zurich e da Coorte Suíça de HIV usaram análises filogenéticas para mapear os agrupamentos de transmissão entre homens gays com infecção recente pelo HIV.

Os especialistas foram particularmente cuidadosos em examinar se os indivíduos com infecção muito recente eram a fonte de um grande número de infecções.

Um total de 111 homens gays recrutados do Estudo de Zurich antes do final de 2007 foram incluídos na análise dos pesquisadores, e acompanhados por uma mediana de três anos .Um total de 93 destes indivíduos iniciaram a terapia antirretroviral pouco depois de sua infecção pelo HIV, e 51% descontinuou este tratamento depois de um ano.

Usando análise filogenética, os especialistas identificaram seis agrupamentos de transmissão que envolviam 20 homens da coorte de Zurich e oito indivíduos da coorte suíça, mais ampla.

Somente duas infecções pareceram ter origem de indivíduos com infecção muito recente pelo HIV.

O resto teve sua origem em indivíduos com infecção crônica que tinham descontinuado a terapia com antirretrovirais.

Estes indivíduos tinham cargas virais que variavam de 314 a 1.690.000 cópias/ml.

A primeira análise dos investigadores sugeriu que um paciente que tomava terapia antirretroviral com carga viral indetectável poderia ter transmitido o HIV a seu parceiro. Porém análises filogenéticas posteriores mostraram três outros pacientes com virus mais similares. “Detectamos uma proporção notável de novas infecções originadas de pacientes indices já em fase crônica da infecção”, comentam os pesquisadores. Eles acrescentam, “Estes achados apoiam fortemente pelo uso da terapia antirretroviral precoce e continuada em HSH com HIV sexualmente ativos. Esta estratégia, muito provavelmente, terá um profundo impacto na redução da expansão do HIV.”